As perguntas, as suspeitas e a falta de respostas sobre assassinato de adolescente em Nova Venécia

Cinco anos de angústia, pedidos de justiça e uma dor que não passa. Esse é o relato de Magna Bressale, 59 anos, mãe de Gustavo Salvador Bressale, que tinha 16 anos à época e foi encontrado assassinado com tiros na cabeça e nas costas, na área de um curral, na região de Luzilândia, zona rural […]

Agosto 18, 2025 - 21:46
As perguntas, as suspeitas e a falta de respostas sobre assassinato de adolescente em Nova Venécia

Cinco anos de angústia, pedidos de justiça e uma dor que não passa. Esse é o relato de Magna Bressale, 59 anos, mãe de Gustavo Salvador Bressale, que tinha 16 anos à época e foi encontrado assassinado com tiros na cabeça e nas costas, na área de um curral, na região de Luzilândia, zona rural de Nova Venécia, no Noroeste do Espírito Santo, na madrugada de 15 de agosto de 2020. Desde então, a família e a sociedade fazem à polícia a mesma pergunta: quem matou e por quê?

A Polícia Civil informou “que o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Nova Venécia”, e que “todas as diligências estão sendo realizadas” dentro do que chamou de “prazo legal”.

Detalhes

A mãe lembra, emocionada, da última vez que ouviu a voz do filho. Era por volta de 16h de 14 de agosto de 2020, uma sexta-feira. Segundo ela, Gustavo ligou após sair do trabalho, no setor de internet, dizendo que passaria na casa de um amigo em Luzilândia e que não era para ela se preocupar, pois não tinha hora para chegar em casa naquele dia. A família morava na zona rural da mesma região. Gustavo, no entanto, nunca chegou à casa do amigo.

Um mês antes de ser encontrado morto, o adolescente havia sido abordado com violência por policiais militares na comunidade do Poção, também em Nova Venécia. Devido à gravidade dos ferimentos, precisou ser levado por familiares para atendimento médico. Dias depois, teria contado a pessoas próximas que foi seguido por PMs em uma viatura, mas conseguiu despistá-los de moto. Um mês depois, foi encontrado sem vida, com marcas de agressão, em um assassinato cuja autoria ainda não foi divulgada pela investigação.

Para a mãe, Gustavo foi emboscado e morto. Outra linha investigativa, apurada pela Rede Notícia, aponta para um homem morador de Luzilândia que, à época, mantinha um relacionamento extraconjugal com uma mulher que teria envolvimento com o adolescente. Hoje, segundo apuração da reportagem, o suspeito vive com essa mesma mulher. No dia do crime, ela teria enviado uma mensagem para o telefone de Gustavo marcando um encontro no curral onde o corpo foi encontrado. Investigadores acreditam que o amante, e não a mulher, estava de posse do celular e teria armado a emboscada. Um outro amigo de Gustavo também recebeu uma mensagem do número atribuído à mulher, pedindo que fosse até a casa dela. Ele não foi porque não estava na comunidade, e tanto a família quanto os investigadores acreditam que, se tivesse ido, também poderia ter sido morto.

A mãe relembra o momento em que encontrou o corpo do filho. “Como ele não dormiu em casa naquela noite (de 14 de agosto de 2020), eu e o pai dele saímos por volta de umas cinco horas para procurar. Ele nunca ficava fora de casa. Foi dando meia-noite, uma, duas, três, quatro, cinco… nada dele aparecer. Chamei meu marido e fomos atrás, pensando que talvez ele tivesse caído ou bebido. Na estrada, meu marido viu a moto caída na beira e falou: ‘Olha ele aí’. Ele estava de um lado e a moto de outro. Isso acaba com a gente. Nunca mais… nada apaga a imagem, nada apaga o sofrimento”, disse.

“A gente quer que o culpado seja responsabilizado. Ele não teve oportunidade nem de se defender, um menino com uma vida toda pela frente, cheio de compromisso, que adorava mexer com informática”, acrescentou a mãe.

A Polícia Civil disse que “os policiais estão trabalhando com afinco, todos os dias, com objetivo de prestar o melhor serviço aos parentes das vítimas, não só desse caso, mas de todos que possuem inquérito em aberto na delegacia”, e que “outros detalhes da investigação não serão divulgados no momento”.

A corporação disse ainda que “a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima, por meio do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas: disquedenuncia181.es.gov.br. O anonimato é garantido, e todas as informações fornecidas são investigadas”.